quinta-feira, maio 07, 2009

Degelo

Chegou finalmente a Primavera e com ela descongela o rio do tempo. Os minutos correm ligeiros a derreterem-se em horas que se fundem em dias. A dormência que me paralisou durante o Inverno desaparece aos poucos e sou invadida pelo formigueiro que assinala o regresso das sensações... e a dor. Enfrento os predadores e tento nadar pra sair do fundo. Há alturas em que consigo nadar e sinto-me próximo da superfície. Outras em que não sinto o corpo e me deixo ir à deriva, arrastada pela corrente dos minutos que passam por mim sem deixar marca. Não larguei ainda as drogas nem sinto forças para o fazer. E resta sempre a incontornável dúvida: trará o Verão o fim das metáforas parvas?

4 comentários:

Jorge disse...

Metaforicamente falando, acho que o calor do Verão destilar-te-á as preocupações e, no final, o alambique da felicidade condensar-te-á as gotas do bem-estar e do alívio que buscas há tanto tempo.

:-)

Atena disse...

O tempo. Não te esqueças que todas as feridas, com o temo, ganham cascão. Com o tempo o cascão cai e a pele normaliza. Nunca ficará igual à que era. Fica semelhante. Aguenta-te à tona da água. Eu sou, sempre, o teu madeiro.
Bons sonhos!

Sonya disse...

Bem..eu não sei o que o verão trás. Mas a primavera trás alergias. Muitas delas! ;)

Red Light Special disse...

Deste lado também não se deixam drogas nem metáforas parvas... e sinceramente não estou preocupada com isso. Penso em cada gota do meu rio, uma a uma, devagarinho, sem me preocupar com o leito ou as margens em que me deito ou seguro. Um dia chegarei(chegaremos) à foz, e a estação do ano não será realmente importante. O sereno mar quente ou o frio mar revolto será com toda a certeza bem vindo. Vai saber bem sentir de novo o sal como tempero da vida.
Beijo meu para ti.