segunda-feira, junho 22, 2009

Lacre

"The time has come," the Walrus said,
"To talk of many things:
Of shoes--and ships--and sealing-wax--
Of cabbages--and kings--
And why the sea is boiling hot--
And whether pigs have wings."


quarta-feira, junho 10, 2009

Nariz

Finalmente em Nariz, acordo e deixo-me invadir pela paz. Lá fora o céu enublado transmite a ideia de que o dia ainda não acordou. É tão bom estar em Nariz. Dormi profundamente a noite inteira e acordo confortada e cheia de forças. Penso em levantar-me e descubro que não vou enfrentar o Mundo lá fora, não preciso, não há nada que enfrentar. Este mundo pertence-me e eu pertenço-lhe. Estou em casa, finalmente, sem saber bem quando ou como este local se tornou a minha casa.
Ajuda estar rodeada de amigos, ajuda saber que os meus filhos estão bem entregues e seguros, ajuda saber que não há nada a fazer, nem quaisquer responsabilidades sobre os meus ombros. Não há preocupações. O telemóvel não tem rede e a única expressão que me ocorre acerca disto é “ainda bem!”. Não preciso do telemóvel, depois de me ter assegurado que os miúdos estavam bem e de ter assegurado os outros de que tinha chegado bem. Também não tenho rede no PC e não faz mal. Não preciso.
Tomo um pequeno-almoço encantado: café com leite, pão macio com queijo e fiambre, sumo de pêra, acompanhada de um delicioso livro. Como é possível nunca ter lido Paul Auster antes? A escrita fluí facilmente do livro, ondeia, rodopia, toca-me fundo e acaricia-me a alma. As palavras são intensas e precisas, com uma limpidez que me atraí magneticamente. As ideias são complexas e imersivas. Como é que isto me escapou anteriormente? Maravilho-me com a tradução, que por uma vez não me irrita a garganta e fico a pensar se esta escrita será ainda mais mágica no original. Ninguém me interrompe e leio sem pressa e sem medo de ter de parar de repente. Domino o Tempo e encaixo-me no espaço.
Lembro a conversa da última vez, a conversa da noite passada e maravilho-me com a facilidade com que me resolvo aqui, como me organizo interiormente. Abro o computador sem rede e escrevo, deixando escorregar a alma para as teclas, transpirando o bem-estar para o texto. Agora vou levar esta paz para um Pc com rede e continuar a encaixar as minhas peças, sem pressas nem pressões, aqui, no meu sítio.

quarta-feira, junho 03, 2009