quarta-feira, abril 30, 2008

Sem Tempo

Estou farta de falar do Tempo. Por mais que nos últimos dias sinta que cada vez mais o clima me espelha a alma e por mais que me seja fácil encontrar nele as analogias que me escondem os sentimentos, estou farta. Apetece-me escrever com palavras matemáticas, claras, directas, certeiras. Palavras cirúrgicas, que vão directas às dores e as amputam. E depois não posso, porque este é um blog de família e não uma parede de casa-de-banho, porque na verdade as dores não são localizadas, mas sim gerais e para as amputar iria danificar-me ao ponto de ficar irreconhecível. Se bem que, às vezes, nem me importava de não me conhecer.

quarta-feira, abril 23, 2008

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sexta-feira, abril 11, 2008

Bipolar

Às vezes penso como é estranha a influência do tempo nos meus estados de espírito. Já aqui escrevi sobre dias frios a congelarem-me a alma, dias quentes a aconchegarem-me o espírito, chuva irritante e enervar-me. Já aqui culpei o clima de tudo e mais alguma coisa. A verdade não é tão linear como isso e consigo estar feliz em dias de chuva e triste em dias de sol, mas a temperatura, de facto, predispõe-me o humor. E se isto implica cara fechada no Inverno, também implica dias de sorrisos radiosos no Verão. O problema são estas estações intermédias, que não são carne nem peixe, em que insidiosos raios de calor irrompem por entre nuvens, interrompendo as chuveiradas e fazendo-me piscar os olhos. São dias de humores variados em que, verdade, verdadinha, nem sei como me sinto. E muitas vezes passo-os a desejar ardentemente não me sentir...

sábado, abril 05, 2008

Dias Desiguais

Há dias que começam azuis e depois vão escurecendo e arrefecendo. Às tantas o céu carrega-se de nuvens cinzentas que vão escurecendo, a humidade envolve-nos e o frio entranha-se em nós pesadamente, com força, oprimindo e cortando-nos a respiração. Nessa altura, se tivermos sorte, voltamos a descobrir que o gajo que nos agarra os sonhos no ar e os torna realidade é também aquele que nos apanha a alma, nos espanta os papões, nos afasta os pesadelos e nos volta a embalar até sonharmos de novo. Daqui por uns tempos voltarei a ver papões e a ter pesadelos. Mas por agora, e apesar do sol já se ter posto, estou quentinha e aconchegada e com a certeza de que, por mais que ame os meus amigos e que eles me façam sentir bem, é em casa que está o meu espanta-espíritos.

quarta-feira, abril 02, 2008

Dias Azuis

A temperatura sobe e eu deixo o calor penetrar-me. Respiro mais fundo, ando com uma canção a rolar-me na língua. Saltito pela rua, corro se acho que ninguém me vê. Sorrio a todos, brinco com as palavras. Acabou o Inverno. Amanhã vou vestir roupa mais leve e deixar a alma levitar. Mas primeiro tenho de sair do raio da reunião gelada em que estou presa.