sexta-feira, março 18, 2005

Dia do Pai

É amanhã. E sei de antemão que vai ser um dia terrível. Desde sempre que o meu Pai levou um presente menos importante, era mais uma lembrança, uma afirmação de que o amavamos. O presente grande era para a minha mãe, que faz anos nesse dia. Amanhã só nos vai restar mesmo a lembrança.
Lembro-me que, quando tinha 11 anos, decidi oferecer a cada um deles um pudim feito por mim. Comprei duas embalagens de pudim Boca Doce na véspera e fui para casa da minha avó, ler e seguir as instruções. A minha avó, já com 80 anos, não sabia de todo ajudar-me e limitou-se a vigiar o que eu estava a fazer e a dar-me caixas de plástico para guardar os pudins. E, no dia 19, os meus pais receberam, ainda na cama, duas caixas de plástico cheias de uma massa viscosa, em nada semelhantes aos pudins reluzentes que a embalagem ostentava. Mesmo assim sorriram e agradeceram, e o meu pai chegou mesmo a arriscar umas colheradas.
Amanhã vamos estar todos juntos, pela primeira vez sem ele. Mas também sei que é impossivel estarmos juntos sem ele. Ele vai estar sempre lá, nem que seja nos nossos cromossomas. E nos nossos corações.
E faz-me falta acreditar!
E faz-me falta aquele abraço enorme e as conversas sobre política que davam sempre discussão.
Feliz dia, papá, wherever you are!

Avô Bigodes

1 comentário:

Maria João disse...

Olá, Elora.

Olha, posso avaliar bem o que sentes, as saudades, estas saudades que são diferentes, porque não têm hora marcada para as matarmos...Também tivemos uma perda destas grandes.

Mas olha, não percas a esperança. Não sei onde, nem quando, mas havemos de os encontrar de novo, aos que perdemos.
E sobretudo, ao lembrarmo-nos deles, mantemo-los vivos, nos nossos corações.

Um beijinho.