Adoro cinema. Desde a primeira vez, com 5 anos, em que me maravilhei com o tamanho daquela televisão, que fiquei viciada. No entanto, de há uns anos para cá, não tenho conseguido matar a fome ao vício.
Quando comecei a namorar com o JP achei que me tinha saído a Sorte Grande. Afinal com um namorado que trabalhava numa empresa ligada ao cinema, de certeza que haveria bilhetes para dar e vender. Sendo ele a minha alma gémea não me passou pela cabeça que não gostasse de cinema. Pouco tempo depois percebi que a vida nunca é assim tão simples. Claro que ele gostava de filmes. Mas se via cada filme 25 vezes antes de estrear, perdia a piada ir ao cinema. Para agravar a questão, aos poucos, ver filmes deixou de lhe parecer boa ideia para os tempos livres.
Apercebi-me, então, que detestava ir ao cinema sozinha. Mais do que ver um filme, gosto do ritual, de sair de casa, de comprar o bilhete, de beber um café a correr porque o filme está quase a começar, de comprar (sim, eu admito, sou dessas) um enorme balde de pipocas, metade doce, metade salgado, para devorar durante a sessão.
Portanto, ao fim de um ano de casada, tenho bilhetes para dar e vender mas não tenho companhia. Nesta altura a paixão sôfrega que nos assolou durante os primeiros tempos de casados começa a dar lugar a um amor calmo e confiante e começo a ponderar ir ao cinema sem ele. É então que fico grávida, o que me destrói irremediavelmente como cinéfila. Um simples anúncio publicitário reduz-me a lágrimas. Está fora de questão ver filmes que envolvam criancinhas. E pensando bem, qualquer ser humano pode ser o meu filho. Seguem-se quatro anos de comédias românticas e filmes leves "ad nauseum". Não vi o Titanic. Não vi o 6º sentido.
Findos os quatro anos a minha sensibilidade começou a melhorar e deixei os berreiros por tudo e por nada. Ainda pensei nisto antes de aumentar a família mas não me pareceu uma razão suficientemente forte para não o fazer. Vá-se lá saber porquê. E voltamos à Meg Ryan em grande estilo.
Passados 4 anos e uns meses, venho por este meio declarar-me pronta a redescobrir a minha paixão. Afinal vi o Sin City sem pesadelos. Portanto, da próxima vez que se sentirem incomodados com o ruído das pipocas ao vosso lado no cinema, olhem bem, que posso ser eu. Se o balde for dos grandes, sou de certeza. Isto se arranjar companhia e pontos de baby-sitter.
sexta-feira, janeiro 20, 2006
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