terça-feira, dezembro 09, 2008

Desinfecto-me

Em Julho deste ano e pela primeira vez na minha vida deixei de falar com alguém. Não porque me tivessem magoado demais, já fui magoada anteriormente e nunca desisti das pessoas. Tenho uma enorme facilidade em gostar dos outros e é-me difícil perder pessoas. Em Julho desisti porque cheguei à conclusão que não só não me ouviam como tudo o que eu dizia era horrivelmente distorcido. Por mais que eu tentasse ajudar, por mais que eu tentasse esclarecer, nada adiantava. Era pior do que falar para uma parede, uma vez que a parede não modifica o que dizemos nem lhes inventa significados. Desisti também porque percebi que não estava a cuidar de um afecto meu e sim de um afecto herdado, estava a lutar por alguém que não conhecia verdadeiramente, alguém que eu amava por interposta pessoa. Odiei desistir e custou-me horrores, uma vez que, sendo teimosa, me é difícil admitir derrotas.

Desisti mas continuei a observar a pessoa ao longe, com a fascinação doentia de quem segue o percurso de um ciclone à medida que vai fazendo estragos e semeando o caos. A sentir-me horrorizada mas sem deixar de olhar. A semana passada cansei-me. Percebi que me fazia mal e que me deixava doente. Percebi que me inundava de ódio e fazia de mim uma pessoa pior. Tal como defendo o direito de todos a escreverem exactamente aquilo que querem, defendo também o meu direito de ler apenas o que me apetece.

A semana passada, pela primeira vez, retirei blogs da minha lista, num esforço consciente para eliminar alguém da minha vida. Se a árvore cair no meio da floresta e ninguém vir, cairá a árvore realmente? Se fecharmos os olhos e fizermos muita força, será que conseguimos que a realidade mude? Valerá alguma coisa uma afirmação de desinteresse? No fundo sei que deixar de olhar não muda o horror, mas tenho esperança que impeça o contágio.

4 comentários:

mac disse...

Com tanta gente no mundo, há certamente quem não nos suporta e qum nos adora...
Amemos quem nos adora e deixe-se um largo espaço do conforto para os outros - há sempre possibilidade de o galgar, se a realidade mudar.

Anónimo disse...

Pois.

BlueAngel aka LN disse...

Na verdade gostava de conseguir o mesmo. Na verdade, ainda não sei o que vou fazer. Também fiquei como tu. Assim como tu tb gostei por interpostas pessoas e, curiosamente, vou lá por interpostos blogs e nunca esteve na minha lista. Só porque sim, por enquanto vou espreitando. Há comprimidos para aquilo, mas quando nem sequer se aceita que se está doente wentão não há nada a fazer. Adoro-te bués de muito!!! :-) beijocas larocas com amizade

Red Light Special disse...

Com a vantagem de estar completamente por fora da situação, da história e dos seus intervenientes só te digo uma coisa minha querida: há pessoas tóxicas, que envenenam mesmo à distância. Tens razão quando dizes que deixar de olhar não muda o horror, mas ajuda à abstracção da realidade em questão e da pessoa em si.
Espero que a tua atitude te ajude a evitar o contágio que falas...
Beijo meu*