quinta-feira, janeiro 31, 2008

Porquê?

8.10 da manhã. Entro na Escola num estado de alheamento total, os pensamentos toldados, a sensação de que nem cheguei a sair. Passaram menos de 10 horas desde que saí, com os nervos à flor da pele e o espírito esmagado pelas mágoas e pelas preocupações. A última reunião de ontem foi um pesadelo e o Futuro parece negro e pesado.
A pergunta que mais vezes me atravessa o espírito é "Mas que raios ando eu aqui a fazer?" Ontem lutei o dia todo. Geri papeis, pais, colegas, alunos, funcionários. Terminei o dia a analisar legislação nova, confusa, mal elaborada, incompetente, a impor prazos impossíveis para realizações dúbias. "Por que raios ando eu aqui?"
Toca para o primeiro bloco. 90 minutos com 21 pré-adolescentes que, ultimamente, não se calam um bocadinho. Começo a aula de semblante carregado e sem sorrir. Há que manter a disciplina. E, de repente, dá-se a magia. Em menos de 10 minutos largo o manual e traço esquemas mal-amanhados no quadro. Tenho 21 pares de olhos colados a mim, a beberem-me as palavras e há cerca de 10 braços no ar.
A atmosfera enche-se com a sede de saber e o entusiasmo de aprender estimula ainda mais o meu próprio entusiasmo de ensinar. Os 90 minutos passam a correr e saio da sala cansada mas com um sorriso nos lábios e um pensamento único: "Por isto! É por isto que vale a pena!"

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Dias

Há dias que se bebem, depressa e sofregamente, como se a vida dependesse da intensidade com que cada minuto é vivido.
Há dias que se vivem, calmamente e com suavidade, em que a vida desliza despreocupadamente nas voltas de ponteiros, numa dança sem principio nem fim.
Há dias que se arrastam interminavelmente, com os minutos a encherem-se de obstáculos, chatices, contrariedades e desgraças e em que chegar ao fim nos parece altamente improvável, quanto mais não seja pela quantidade inominável de horrores que se interpõe entre o momento actual e o regresso a casa. Hoje é um dia destes.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Palavras

Os sentimentos enchem-me o espírito de forma quase transbordante. As palavras sobrepõe-se e atropelam-se, saltam umas por cima das outras na pressa de querer sair. E saem convulsivamente, em soluços, sem nexo. São demais. Não se entendem, não me entendo. E acima de tudo não adiantam.
Abro de novo a boca para tentar e volta a acontecer o mesmo. Choro palavras em vez de lágrimas e não me faço entender. Fico a pensar se alguma vez terei sido entendida. Calo os soluços, afogo as palavras. Não vale a pena.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Onde está o Wally?

Ou, neste caso, a Elora?
Deixo-vos uma pista, aparece duas vezes nos primeiros 3 minutos de filme.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

D. Sebastião

Olho pela janela da sala de aula, enquanto a turma traça triângulos, por entre risos e rodopios de compassos. O ambiente da sala é alegre, com a inquietude própria da idade e da proximidade do fim-de-semana. Faz calor.
Lá fora o frio concretiza-se num nevoeiro denso e branco que desce sobre os pátios desertos da escola. Aproxima-se e cola-se aos vidros sob a forma de gotinhas minúsculas que vão escorrendo, como se o Mundo chorasse.
Toca para a saída. Mando-os sair e abro a janela numa inspiração profunda. Deixo o nevoeiro inundar-me o corpo e adormecer-me a alma. O cheiro do rio preenche-me. Não quero pensar.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

O Segredo da Felicidade

Não existe. Já aqui escrevi sobre saber ser Feliz e sobre a busca da Felicidade. Não é fácil ser feliz e é facílimo ser infeliz. Ser infeliz a dois ainda é mais fácil, uma vez que a probabilidade de, em determinado instante, um dos dois estar infeliz é o dobro da probabilidade estando sozinho. Se de cada vez que um estiver mal, ambos se afundarem a relação naufragará rapidamente.
O truque é aguentar os maus momentos do outro e relativizar as coisas. E quando os dois estão mal, onde vamos buscar as forças? Não há resposta, cada um vais buscar onde consegue. Eu vou buscar às recordações e aos pequenos nadas. Às recordações das viagens, das borgas, dos carinhos, do nascimento dos filhos, da compra da casa e daquele pôr do sol na praia em que fomos invadidos por um sentimento de felicidade absoluta (apesar de ela ser instantânea).
Eu sei que estes momentos são raros e espaçados no tempo, logo preciosos. Por isso mesmo por vezes parecem distantes e não chegam para afastar os dias de chuva.
Nessas alturas vou buscar forças aos pequenos nadas que, embora com menos impacto, são mais frequentes. Lembro-me das piadas trocadas, das gargalhadas em conjunto, dos momentos de telepatia em que basta um olhar para tudo fazer sentido. E acima de tudo lembro-me da cumplicidade, da aceitação e da partilha. Estas alturas são mais comuns e podem parecer irrelevantes quando os céus desabam, mas são o que me inspira quando tudo o mais falha e fazem-me acreditar que quando as nuvens partirem, o céu azul ficará e quando as trevas se abrirem...

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Não quero pensar

Há hipóteses que não podem, não devem ser colocadas, para bem da nossa sanidade mental. Há situações tão horríveis que deveriam ser proibidas. Não quero pensar, não posso pensar, não adianta pensar, quanto mais não seja porque não há nada que possa fazer. E, no entanto, os meus pensamentos escapam-se-me e deslizam sempre na mesma direcção. Odeio exames médicos!

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Nowhere Fast




Assim ando por estes dias...