Fui a um baile esta semana. Um baile lindíssimo, de sonho. Pelo menos acho que já sonhei com um baile assim, uma vez, há muitos anos.
Os meus filhos ficaram entusiasmados com a ideia e também quiseram ir. Expliquei-lhes que não, que não poderiam ir sem serem convidados e que não me cabia a mim convidar.
A Sofia pediu para ver enquanto eu me arranjava e foi fazendo comentários: "Que vestido espectacular! Só lhe faltam brilhantes. Que maquilagem vais pôr, mãe? Posso ajudar-te? Sei fazer maquilagem de borboleta e de princesa, mas se calhar não interessa para o baile. Como é que são pinturas de baile? Vais pintar os olhos? Devias pôr baton vermelho. E pintar as unhas de vermelho ou cor-de-rosa. O Y. tem pinturas fabulosas, não é por ser brasileiro, mas as pinturas dele são fabulosas, têm brilhantes, menos as amarelas, que amarelo nos olhos não fica muito bem (respirou). Queres levar uns sapatos brancos? Porque é que não levas os teus sapatos de novia?"
A quem é que ela sai assim? Terei pedalada?
O João ficou triste: " Nunca irei a um baile a não ser que seja para a minha turma. Nunca ninguém me vai convidar porque eu sou totó, só me faltam os óculos e a roupa..."
Saio em defesa da minha cria: "Totó, João? Onde é que foste buscar essa ideia? Quem é que disse que eras totó?"
Resposta na ponta da língua: "Eu sei ver, mãe. Repara: gosto de ciência, sou fraquinho a educação física e não gosto daquilo que gostam os meninos da minha idade. Sou totó."
Sei tão bem a quem ele sai. Vimos este filme tão de perto, eu e o Jp.
Antes de sair de casa sinto-me uma Cinderela: por mais que procure não encontro o sapatinho. Ok, sapatinho é maneira de dizer, não encontro o raio da sandália. A alternativa não é o sapato de novia, mas tem quase 10 cm de altura. Ainda consegui dançar duas músicas, mas o síndrome de Cinderela perseguiu-me e à meia noite saí do baile em total agonia e desesperada por desmontar das andas.