sábado, junho 30, 2007

Alfinete no Deserto

Alfinete tem de atravessar um deserto. Não foi uma escolha dela, ninguém escolheria atravessar um deserto. Não foi sequer um risco calculado, Alfinete nunca se arrica, conduz sempre dentro da sua mão e cumprindo todas as regras, foi o chamado "azar do caraças". Alfinete esteve no sítio errado, à hora errada, com as pessoas erradas e nem sequer sabe quando é que isso aconteceu. E agora tem o raio do deserto para atravessar. A raiva por vezes cresce dentro dela e parece querer suplantar o desespero. É tão injusto ser com ela, tão injusto ter de o fazer!
E depois é desconfortável, o calor aperta de vez em quando, há que beber muita água, há que medir cada passo, há que seguir o mapa de perto. Mas o pior é a seca. Descomunal seca. E a prisão, os limites. A única coisa que torna tudo suportável é que o deserto tem fim, há vida para lá do deserto e há amigos também, que estão com ela. Sempre!

sexta-feira, junho 29, 2007

O Pc e o Pai

Desde 1993 que tenho computador. Não o mesmo, mas um computador. Normalmente eu e o Jp conseguimos dividi-lo sem grandes crises: eu uso durante o dia, o Jp usa à noite. Aqui há uns dois anos, graças a um IRS mais gorducho decidimos comprar um portátil. Veio mesmo na hora H. Com o curso do Jp e as minhas reuniões, tem dado imenso jeito ter dois computadores em casa.
Anteontem o Pc decidiu emitir cheiro. Um cheiro suave que começou baixinho, como quem não quer a coisa, mas que em breve se afirmou como um cheiro intenso a queimado. Tendo em consideração que, já há um ano, que o dito objecto descansava no escritório, de entranhas abertas e ventoinha apontada nos dias de calor, decidimos que o cheiro era a gota que enchia o copo. Lá foi o Pc para a oficina. Ontem à noite havia apenas um pc em casa. Eu tinha actas e "coisas" para tratar, o Jp tinha um jogo para jogar, o João tinha que falar com um amigo e ainda havia que decidir o sítio das férias.
No meio do desconforto que se gerou e com a Sofia a reclamar que queria ir ao mini-click, espantei-me com o facto do Pc fazer tanta falta e voltei-me para o Jp: "Nem acredito que somos uma família de dois computadores..." Ao que ele me responde a rir: "O que ainda não percebeste é que somos uma família de quatro computadores!"
Hoje a campainha toca por voltas das seis e meia e os miúdos correm para a porta a gritar, como sempre, "É o Pai, é o Pai!" O João, que já está cansado de ouvir que tem de espreitar antes de abrir, espreita pelo óculo e diz, feliz: "Melhor do que isso, é o Pai com o Computador!"

quinta-feira, junho 28, 2007

quarta-feira, junho 27, 2007

Logo

Meme dos livros

Porque ainda ninguém me tinha feito isto, porque gosto da Sandra e porque hoje parece ter acabado uma fase complicada da minha vida e por isso estou bem disposta, cá vai:
O livro que tenho, neste momento, mais próximo do Pc é o "Dicionário da Língua Portuguesa", Editado em 1956 pela Livraria Simões Lopes. É a "1ª edição em perfeita harmonia com o acordo ortográfico luso-brasileiro de 1945" e tem dentro o nome do meu avô, manuscrito, com a data 15-5-57 por baixo. Está numa prateleira com outros dicionários e alguns livros de didáctica.
A página 161, que vai de artístico a arvéloa, tem como quinta entrada o seguinte:
Artocarpo (GR ártos, pão + karpós, fruto), s.m Género de plantas urticáceas; fruto da árvore-do-pão.
Uma vez que começa com maiúscula e que termina em ponto final, vou considerar esta entrada uma frase completa. O que é que isto diz sobre mim? Que adorava o meu avô e herdei a sua biblioteca e que guardo os dicionários no escritório, mesmo ao lado do pc.
Escolhi a prateleira que está à altura do peito. Se fosse a prateleira de cima teria cds, na de baixo o livro seria o "Leão, a bruxa e o guarda-fatos", que o João se esqueceu de levar para o quarto dele.
As regras do Meme são:
  1. Pegar no livro mais próximo
  2. Abri-lo na página 161
  3. Procurar a 5.ª frase completa
  4. Colocar a frase no blogue
  5. Não vale procurar o melhor livro que têm, usem o mais próximo
  6. Passar o desafio a cinco pessoas

Quero saber o que guardam perto do pc :

Angel

Anna

Mamaíta

Geeky Wife

Vítor

Tarefa cumprida.

segunda-feira, junho 25, 2007

Quase

Oiço a chave na porta às 5 horas. É cedo, demasiado cedo. Entras com um ar alucinado. Transpirado, de olhar vago, respiração acelerada. Pergunto-te se está tudo bem. Olhas-me como se me estivesses a ver pela primeira vez e respondes que sim. "Estou cansado, muito cansado..." Vais para o quarto e deitas-te. Pouso a mala com que me preparava para sair e preparo-te um vermute bem fresco que te levo ao quarto. Dizes-me que te levantas quando eu voltar.
Regresso a casa uma hora depois e já estás ao computador a trabalhar. Os teus dedos dançam no teclado de forma hesitante, sem certezas, quase penosamente. De vez em quando chamas-me, para clarificar palavras. Continuas com o olhar perdido. Faltam dois dias.

domingo, junho 24, 2007

Bom dia

Foi um dia fabuloso, daqueles em que desde que acordamos nos sentimos bem, como se o destino conspirasse para que os acontecimentos se encaixassem num dia perfeito.
Nada de grandes coisas, muitas daquelas pequeninas que nos deixam um calorzinho cá dentro.
Comecei por acordar só ao meio-dia, porque a minha linda mana mais velha tomou conta das minhas crias e deixou-me dormir até tarde. (obrigada!) Depois, o Jp levou as criancinhas a almoçar na avó, o que me permitiu ficar em casa a molengar enquanto me arranjava e almoçava num ritmo extra-lento. Nessa altura uma das minhas amigas telefona-me e explica-me como posso transformar o campismo programado para este Verão, num fabuloso quarto de Hotel com refeições incluídas, gastando o mesmo.
Feliz da vida, saio de casa para ir comprar uns óculos para a Sofia. Vamos calmamente, só as duas, a conversar pelo caminho. Encontramos os óculos perfeitos, de que ambas gostámos, baratíssimos. Vamos procurar calças para mim, e há! Giras, com um preço simpático e a servirem-me! Nesta altura já só me apetece cantar. Vamos comer um gelado e a Sofia sugere a esplanada, onde nunca há mesa. Encontramos várias mesas vazias e comemos os gelados a ver o rio e a sentir a brisa suave do entardecer. Antes de voltarmos ainda vemos uma dança de sevilhanas que nos deixa um ritmo vivo no andar. Pegámos no carro e voltámos a cantar juntas as canções da rádio.
Há dias assim.

Brasileira

Ontem paguei 8 euros por duas queijadas de limão e dois leites com chocolate quentes. Puxado, mas estava-se bem na Brasileira, às duas da manhã, enquanto os empregados arrumavam mesas e varriam o chão. Estava-se bem porque o leite aquecia o corpo e a conversa aquecia a alma. E apesar do cansaço e do sono que não nos largava custou despedir.

sábado, junho 23, 2007

Esta Noite


Vou ver o Bruninho com a minha Dragon Slayer preferida.


quinta-feira, junho 21, 2007

Solstício

É hoje. Quero uma fogueira para saltar!

quarta-feira, junho 20, 2007

Tortura

Ontem estive hora e meia numa sala, sem poder falar, ler, escrever ou usar o telemóvel, na companhia de um colega que parecia ter saído directamente de um anúncio da gillette, daqueles de fazer parar uma casa cheia de mulheres. Portanto havia que ficar por ali, uma vez que sair da sala era expressamente proibido, e olhar em volta, para a chuva que caía lá fora, para o tecto, para as calças de ganga... para a chuva, para o tecto...
Ok, de vez em quando lá me lembrava dos treze adolescentes que por ali faziam exame de Língua Portuguesa e que havia que vigiar. Mas convenhamos, quem é que consegue vigiar o que quer que seja em condições tão adversas?

segunda-feira, junho 18, 2007

Sentido

Tenho notado que os meus alunos assumem uma postura mais rígida de cada vez que me vêem. Param de correr, endireitam as costas, ficam mais sérios. Hoje o porteiro da escola fez-me continência. Acho que ando demasiado tensa.

sexta-feira, junho 15, 2007

A saia da Carolina...

...é a mais bonita do mundo. Pelo menos aos olhos da Sofia. Tudo da Carolina é mais bonito. Menos a mãe da Carolina que nunca as deixa brincar juntas. Acabou de vir recambiada lá de casa, lavada em lágrimas, mais uma vez. Todos os dias a mesma pergunta: "Posso bater à porta da Carolina?" Tento distraí-la, fazê-la pensar noutra coisa. Há dias em que consigo e outros em que teima em ir lá. Para vir enxotada, como sempre. Como é que posso explicar-lhe que a carolina é linda, mas a mãe é má?

quinta-feira, junho 14, 2007

Lamechas

Isto.





Mas não me sai da cabeça depois da conversa de ontem.

segunda-feira, junho 11, 2007

Volta

Se tu não voltasses os dias eram como hoje. Nem bons nem maus. Normais, iguais aos outros, mas com uma comichãozinha estranha. Aquela impressão de que há algo que nos escapa. No fim do dia lembrei-me: hoje não falei contigo. Não que tenha algo para te dizer, não tenho, foi um dia igual aos outros. Mas ontem também não falei contigo. E anteontem foi apenas aquela chamada rápida a dizer que ias passar a fronteira. Não há grande coisa a contar, o fim-de-semana foi banal e o dia de hoje também. Mas já olhei umas quantas vezes para o telefone. Parece que afinal as nossas conversas de chacha fazem falta.
Se tu ficasses aí os dias eram como hoje, com uma comichãozinha atrás do coração, a juntar à alergia que todos os dias me arranha a alma.

Sondagem Pipoca




Como prometido aqui ficam os resultados:








Fica, desta forma, demonstrado que a Pipoca não tinha razão e que o Jess é o mais giro. Já entregámos a taça ao vencedor, como se pode comprovar na imagem seguinte, mas ainda não conseguimos que ele cortasse o cabelo.




sábado, junho 09, 2007

sexta-feira, junho 08, 2007

Rímel e totós

Fui a um baile esta semana. Um baile lindíssimo, de sonho. Pelo menos acho que já sonhei com um baile assim, uma vez, há muitos anos.
Os meus filhos ficaram entusiasmados com a ideia e também quiseram ir. Expliquei-lhes que não, que não poderiam ir sem serem convidados e que não me cabia a mim convidar.
A Sofia pediu para ver enquanto eu me arranjava e foi fazendo comentários: "Que vestido espectacular! Só lhe faltam brilhantes. Que maquilagem vais pôr, mãe? Posso ajudar-te? Sei fazer maquilagem de borboleta e de princesa, mas se calhar não interessa para o baile. Como é que são pinturas de baile? Vais pintar os olhos? Devias pôr baton vermelho. E pintar as unhas de vermelho ou cor-de-rosa. O Y. tem pinturas fabulosas, não é por ser brasileiro, mas as pinturas dele são fabulosas, têm brilhantes, menos as amarelas, que amarelo nos olhos não fica muito bem (respirou). Queres levar uns sapatos brancos? Porque é que não levas os teus sapatos de novia?"
A quem é que ela sai assim? Terei pedalada?
O João ficou triste: " Nunca irei a um baile a não ser que seja para a minha turma. Nunca ninguém me vai convidar porque eu sou totó, só me faltam os óculos e a roupa..."
Saio em defesa da minha cria: "Totó, João? Onde é que foste buscar essa ideia? Quem é que disse que eras totó?"
Resposta na ponta da língua: "Eu sei ver, mãe. Repara: gosto de ciência, sou fraquinho a educação física e não gosto daquilo que gostam os meninos da minha idade. Sou totó."
Sei tão bem a quem ele sai. Vimos este filme tão de perto, eu e o Jp.
Antes de sair de casa sinto-me uma Cinderela: por mais que procure não encontro o sapatinho. Ok, sapatinho é maneira de dizer, não encontro o raio da sandália. A alternativa não é o sapato de novia, mas tem quase 10 cm de altura. Ainda consegui dançar duas músicas, mas o síndrome de Cinderela perseguiu-me e à meia noite saí do baile em total agonia e desesperada por desmontar das andas.

terça-feira, junho 05, 2007

Dormir até tarde

Cá em casa todos acordamos muito cedo de Segunda a Sexta-feira. Os adultos acordam às 6.30 da manhã e as crianças entre as 7.00 e as 7.15. Até sairmos todos de casa às 8.05 reina a confusão. Entre as resmunguices típicas da manhã, a preguiça de quem ainda tem sono, os constantes apelos ao desembaraço, as coisas de última hora e a pressa, o alvoroço é grande. Todos falam ao mesmo tempo, há correrias, gritos para o outro lado da casa, apitos de electrodomésticos e implicações fraternas constantes.
No meio de toda esta barafunda, mesmo no meio (no hall, que dá acesso a toda a casa) um ente dorme descansado, como se rodeado do mais profundo silêncio. E é assim que, todas as manhãs, somos taxativamente ignorados pela Lária, a cadela da casa, que dorme mais uma hora, alheia a tudo e a todos, enquanto aguarda que chegue a pessoa que realmente importa. Porque afinal, a D. Lurdes, que é quem a leva à rua de manhã, só entra às 8.00.
Cumprimentar os donos? Para quê? Estamos, portanto, abaixo de cão.

sábado, junho 02, 2007

Post pedido pela Pipoca


Para que a minha linda não fique triste, aqui fica o post que me pediu. Quem é o mais giro?


Jess


Dean

Votem na sondagem do lado até 10 de Junho.

Coito Interrompido

Ontem fui ao cinema ver cenas chocantes:
À meia noite, arrastei a minha Mestre A. para um Quarteto vazio e envelhecido. O filme começou com 15 minutos de atraso. Descemos umas escadas escuras e entrámos numa sala forrada de vermelho e absolutamente vazia. Depois de nós entraram dois casais, um mais heterogéneo que o outro e sentaram-se atrás de nós. O filme começou sem que as luzes se apagassem. O homem atrás de nós levantou-se e saiu da sala para chamar alguém. As luzes apagam-se e a coisa compõe-se.
O filme, longe de escaldante, parecia prometer. Histórias interessantes e boas gargalhadas. De repente as luzes acendem-se. Aparentemente o Quarteto ainda faz Intervalo. O casal menos heterogéneo já não estava na sala.
Depois de uma visita à casa de banho, o filme recomeça. Agora menos interessante. As histórias já começadas não se desenvolvem e começam novas histórias. Histórias simpáticas, mas queria ver como prosseguiam as outras. Voltam a dar atenção à história do casal idoso. Parece prestes a ter algum tipo de desenlace. De repente surgem os créditos. Nem queria acreditar. A história não acabou! Nenhuma das histórias acabou! O raio do filme NÃO TEM FINAL!!!
A sensação de frustração ainda perdura, passadas mais de 12 horas. Ontem vi um filme fantástico, tristemente interrompido vá-se lá saber porquê. Cenas de natureza surreal.

sexta-feira, junho 01, 2007

Ego

Enquanto construo o projecto que me vai manter mentalmente sã nos próximos meses vagueio pela net. Descubro gente cheia de palavras lindas que me enchem de vergonha do modo como tenho tratado o meu blog. E de vontade de escrever mais e melhor. E de certeza de que não tenho mesmo nada para dizer.
A verdade é que, quando está tudo bem, não há nada de interessante para contar. Quando está tudo mal, não me apetece falar disso.
E é como eu quiser porque, apesar da vergonha, da vontade e da certeza, continuo a escrever para mim, ou não fosse este um blog egocêntrico.